Em uma pequena equipe de cinco novatos, lá vamos nós para o Rio Sinnamary acompanhados por um guia amazônico à descoberta da pesca esportiva da traíra. Encontro marcado na barragem de Petit Saut, nós embarcamos os tambores, varas e alimentos sobre a piroga para uma partida em direção ao salto Takari Tente.

Para alcançarmos nosso objetivo, nós precisamos primeiro atravessar o lago de Petit Saut, imenso lago artificial construído em 1994 para a produção de energia elétrica. Nossa piroga sobe o rio em seu curso hoje afogado, serpenteando em meio aos troncos descarnados. Após esse espaço tranquilo de água imperturbável, o lago se estreita até ao nosso ponto de arrumação. E rapidamente nos vemos com as varas em mãos, no Saut Takari Tante, lançando as primeiras iscas. Após alguns minutos para alguns e algumas horas para outros, nós passamos de iniciantes a aprendizes de pescadores, encorajados e prontos para a prática no dia seguinte.

Após nosso primeiro dia de iniciação, nós partimos para um afluente do Sinnamary, uma pequena lagoa de água clara cercada por rochedos e árvores mortas. Agora que nós dominamos a teoria, é preciso colocá-la em prática, Varas em mãos. Nas primeiras tentativas, o que dominamos, antes de tudo, é a técnica de resgate do anzol… Nós continuamos nosso caminho sempre rio acima. A segunda tentativa é pouco proveitosa, mas não enroscamos os anzóis em nenhum galho dessa vez. Nós avançamos e insistimos. Na terceira tentativa, primeiras puxadas. Nós continuamos a subir a lagoa para uma quarta tentativa na esperança de obtermos sucesso. Um de nós consegue uma puxada mais forte e nós fizemos uma brincadeira fazendo nossas iscas saltar sobre a água. E dessa vez deu certo, a aïmara mordeu a isca e foi fisgada!  Após muitos exercícios de molinete, nossa amiga consegue cansar o peixe, debilitado devido aos poucos recursos alimentícios disponíveis nos últimos dias. Conseguimos trazê-lo para dentro da piroga, com prudência para evitar uma mordida.

Essa primeira captura foi seguida por uma outra e foi com duas belas aïmaras que voltamos à cabana para comemorar o sucesso desse dia de pesca esportiva. Nós degustaremos pela primeira vez essa rainha  carnívora dos rios guianeses que pode chegar ao peso de 40 quilos!

Nosso guia de pesca se transforma então em cozinheiro emérito. Os peixes limpos e temperados são dispostos na grelha envelopados em folhas de bananeira, prontos para serem defumados. A hora da refeição e de degustar um ti-punch se aproxima. O prato é excelente e esse peixe de rio de carne tenra aguça nossas pápilas. Nós o degustaremos durante diversas refeições – como aperitivo, prato principal ou salada – com a mesma vontade.

Essa é uma atividade que nós recomendamos a todos os amantes da natureza.  Nosso guia é um adepto do no-kill, técnica que parece ser compatível com a rusticidade da Traíra (Hoplias aïmara en latim), o que é um mal menor diante da ausência de temporadas de pesca e regulamentação sobre o tamanho mínimo de captura. A pressão que nós exercemos contra a população desse peixe emblemático das lagoas da Guiana Francesa é ainda bastante limitada. Por exemplo, ela não é comparada à pesca com redes. E nessas condições, o que seria melhor do que de descobrir nossa natureza Guianesa penetrando na intimidade de seus rios? Essa iniciação à pesca esportiva é um tipo de revelação. Como pudemos até hoje entrar na floresta sem uma vara? Ao voltarmos compraremos nosso equipamento seguindo as dicas de nosso guia que dividiu sua paixão com todos nós!